sexta-feira, 16 de outubro de 2009

ARTIGO CADERNO VARIEDADES DC


16 de outubro de 2009 | N° 8594
TEATRO
E pur si muove!
As Luas de Galileu, peça de Carmen Fossari, conta a vida do homem que revolucionou a Galileu Galilei foi um desafio e tanto para a diretora de teatro Carmen Fossari. Ao longo de dois anos, foram muitas pesquisas para transformar a vida do criador da ciência moderna numa peça de teatro. O resultado de tanto trabalho pode ser conferido hoje no espetáculo As Luas de Galileu Galilei, que o grupo Teatro Novo apresenta no Teatro da Igrejinha da UFSC, em Florianópolis.

As Luas de Galileu Galilei, adaptação que por capricho da diretora foi reescrita oito vezes, reúne duas linguagens que confluem tal como as relações da ciência e da fé: o popular, pela Comédia ciência e desafiou a Igreja

Contar a história de Dell ‘Arte e o erudito, pelo Madrigal.

Inovadora em sua proposta, a peça foi estruturada em três atos e cinco palcos, com um rico figurino e produção musical ousada. A montagem quebra a distância entre o ator e o público e o palco, mesmo descentralizado, torna o espetáculo homogêneo na medida em que permite uma aproximação entre plateia e personagens. Tudo pontuado pelas canções eruditas executadas pelo Madrigal da UFSC, sob a regência da maestrina Miriam Moritz. O madrigal é um dos gêneros mais importantes da música profana italiana do século 16.

A encenação começa na rua, com os atores da Cia Teatral Bambolina Andatina, ao lado da Igrejinha da UFSC, contando fatos da vida amorosa e política de Galileu, interpretado por Nei Perin. Logo na entrada da Igrejinha, uma plataforma ambienta a taberna onde aparece um Galileu bêbado, discursando, defendendo as ideias que mais tarde seriam condenados pela Inquisição. Obrigado a se retratar, ele negou o heliocentrismo mas entredisse em latim “E pur si muove!” (mesmo assim, se move).

No centro e nas laterais do teatro estão posicionados outros três tablados onde os atores contam trechos dos escritos de Galileu Galilei na obra Mensageiro das Estrelas, Carta de Virginia, a filha freira e auxiliar de Galileu Galilei, um trecho de A Peste, de Albert Camus, cenas adaptadas do livro de Bertolt Brecht e parte do Processo Inquisitório a que foi vítima.

O texto da peça conta ainda com valiosas observações do astrônomo Adolfo Stotz Neto.

– O espetáculo tem um olhar humano sobre a vida de Galileu Galilei uma vez que, em 2009, Ano Internacional da Astronomia, ele será celebrado no mundo como criador da ciência moderna – observa a diretora Carmen Fossari.

A peça estreia com uma grande produção, envolvendo 40 pessoas entre elenco, músicos e técnicos. A apresentação faz parte da programação comemorativa dos 30 anos do Teatro da UFSC. Saiba mais sobre a montagem no blog www.asluasdegalileugalilei.blogspot.com

jacqueline.iensen@diario.com.br

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